Os moradores e os comerciantes da Avenida Três Barras contam que foram pegos de surpresa com as mudanças feitas para o reordenamento do trânsito da via para descongestionar o trecho problemático em horários de pico. Enquanto uns reclamam da dificuldade de trafegar e até de estacionar pela avenida, outros ficaram irritados com o meio-fio pintado de amarelo, o que impede que os clientes possam estacionar para consumir nas lojas da rua.
O jornalista Antonio José é um dos moradores da região que se utiliza da avenida diariamente e ficou extremamente preocupado com o que foi feito na vida. “O pior trecho é na esquina da Rua Heitor Laburu com a Avenida Três Barras. O problema que está acontecendo lá é que as pessoas que saem do Fort Atacadista só têm a opção de virar à direita, então, se elas forem para o sentido contrário, não conseguirão, sendo obrigadas a descer a avenida por dois quilômetros para encontrar uma rotatória e fazer o retorno”, reclamou.
Ele ainda completou que as pessoas que vão pela Rua Heitor Laburu não podem virar para a esquerda, sendo obrigadas a virar para a direita e andar um quilômetro para alcançar a primeira rotatória e fazer a curva para poder voltar. “E outra, não colocaram sinalização e, aí, em frente ao Fort Atacadista, tem ponto de ônibus e não tem a passarela, não tem a faixa de pedestre que fica ali em frente da farmácia. Ficou muito confuso, sem sinalização e os comerciantes estão reclamando porque meteram faixa amarela dos dois lados, impedindo que os clientes parem. Como muitos não têm estacionamento, vão acabar fechando o estabelecimento”, alertou.
Antonio José reforçou que a Avenida Três Barras acabou virando um corredor. “Essa sinalização para o reordenamento do trânsito matou o comércio ali entre a rotatória do posto de combustíveis até dois quilômetros após, entre uma rotatória e a outra em frente ao mercado Fort Atacadista. Matou todinho o comércio, pois colocaram faixa amarela dos dois lados da avenida e não tem opção de conversão, ficou muito confuso. A gente acredita sim que a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) e a Prefeitura poderiam estudar melhor ali o fluxo de veículos”, sugeriu.
Conforme a Agetran, a pintura de faixas amarelas estava prevista na obra de reordenamento da Avenida Três Barras, entre a Rua Felipe Camarão e a José Nogueira Vieira. Em nota, a Agência justificou que a faixa amarela é “extremamente necessária para o bom funcionamento da readequação viária que atenderá a dezenas de milhares de pessoas que circulam diariamente”.
O dono de um pet shop, Harry Roque Bernardos, 70 anos, reconhece que a obra ajudou a melhorar o fluxo do trânsito, mas declara que, por outro lado, prejudicou o comércio. “Nós saímos totalmente prejudicados. Quem vai estacionar o carro aí? Quem que vai entrar aqui?”, questionou. Já o comerciante Nilto Ramos, 34 anos, dono de um restaurante localizado na avenida, disse que os comerciantes foram pegos de surpresa com a faixa amarela. “Há cerca de um mês tenta buscar informações sobre a obra e como o comércio poderia ser afetado, mas afirma que os responsáveis deixaram os comerciantes no escuro”, lamentou.
Ele opinou que deveriam ter feito um projeto melhor. “Primeiramente, colocar faixa amarela onde não atrapalha o comércio e asfaltar as vias laterais para desafogar a avenida. A galera que vem do Tiradentes e do Damha poderia vir pelas ruas laterais se tivesse asfalto e não precisava usar a avenida”, disse, completando que durante as obras tinha expectativa de melhora, mas foi surpreendido negativamente com o fim do estacionamento. “Cliente foge de transtornos. Aqui não é fast food, demanda tempo para o cliente estacionar e almoçar”, reclamou.
Em frente à loja de utilidades do comerciante Ernane Mazzo, 47 anos, tem estacionamento, mas a calçada está desnivelada, o que dificulta o acesso dos veículos. “Uma cliente chegou a subir com o carro na calçada e fez isso porque o carro é alto, se não fosse, não teria como subir. Muitos não param por falta de estacionamento, se continuar assim teremos que fechar”, declarou.
Ele explica que os clientes costumam passar enquanto voltam para casa, mas com a faixa amarela eles precisam estacionar atrás da quadra e depois voltar até a loja a pé. “Eu mesmo tenho dificuldade para carregar e descarregar os produtos. Quando estávamos carregando para entregar, muitos motoristas se irritaram e começaram a buzinar e eles têm razão porque é faixa amarela”, reconheceu.
Segundo Ernane Mazzo, os funcionários da empreiteira disseram que iriam fazer o rebaixamento da calçada, mas não chegaram a realizar o serviço. “Eu cheguei a procurar quanto que fica para fazer, mas ficou R$ 3 mil eu não tenho como desembolsar esse valor agora. Vou fazer uma rampa e reposicionar o mostruário da loja para abrir vaga para os clientes”, afirmou.