UFN3 vai estimular uma nova fase de industrialização em MS

Paradas há quase duas décadas, as obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3) da Petrobras, localizada no município de Três Lagoas, finalmente serão retomadas. Com o funcionamento da planta, segundo apurou o Correio do Estado, muitas fábricas e cooperativas já se comprometeram a se instalar no entorno.

A fábrica de fertilizantes foi projetada para consumir diariamente 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural, fazendo a separação e os transformando em 3.600 toneladas de ureia e outras 2.200 toneladas de amônia por dia. 

Depois de separados os fertilizantes, a ureia pode ser misturada ao sal mineral, para a alimentação animal, ou com fertilizantes fosfatados, para aplicação nas lavouras. O nitrato de amônia também é muito utilizado na agricultura. 

Conforme apurou a reportagem, já existe um acordo para que empresas e cooperativas se instalem no entorno da UFN3 para fazer o beneficiamento desses fertilizantes produzidos. A ideia é que muito dessa produção seja consumida em Mato Grosso do Sul mesmo. 

A fábrica, como adiantou o Correio do Estado na edição de 2 de fevereiro deste ano, tem capacidade para produzir 30,4% do total de fertilizantes nitrogenados utilizados no Brasil em 2022. 

De acordo com dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), em 2022, foram importadas 7,2 milhões de toneladas de ureia. A produção anual da UFN3, quando em pleno funcionamento, será de 1,3 milhão de toneladas de ureia, ou seja, 18,3% do total importado pelo País no ano passado. 

Quando levado em conta o outro fertilizante que será produzido em Três Lagoas, a amônia, foram importadas 6,6 milhões de toneladas em 2022, já a produção anual da indústria será de 0,8 milhão de toneladas ou 12,1% do total.

Portanto, considerando os dois fertilizantes, são 30,4% desses insumos que deixariam de ser comprados no exterior.

PAC

Mato Grosso do Sul será contemplado com pelo menos R$ 10 bilhões em investimentos na nova versão do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), que será lançada hoje, no Rio de Janeiro (RJ), pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os recursos não virão somente do caixa da União, mas também de empresas controladas pelo poder público, como Itaipu Binacional e Petrobras, conforme adiantou o Correio do Estado na edição de ontem.

Um desses anúncios é a conclusão da obra da UFN3. Também participarão do evento o coordenador da bancada federal de Mato Grosso do Sul, deputado federal Vander Loubet (PT), e o governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB).

A fábrica de Três Lagoas está 80% concluída e deve receber aporte de R$ 5 bilhões (US$ 1 bilhão) para sua conclusão, segundo o parlamentar. Conforme representantes da gestão estadual, a estrutura tem sido conservada pela Petrobras e os recursos servirão para concluir as obras a partir do ponto em que foram paralisadas. 

A retomada da construção da UFN3 e a reativação da fábrica de fertilizantes da Petrobras em Araucária (PR) marcarão o retorno da estatal à produção do insumo.

Além disso, a Petrobras deve formalizar uma parceria com duas fábricas de fertilizantes que já foram suas, vendidas recentemente, e que estavam paralisadas: as antigas Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia (Fafen-BA) e do Sergipe (Fafen-SE), atualmente pertencentes à Unigel. 

O principal objetivo é reduzir a dependência da importação de adubos. 

HISTÓRICO

A UFN3 começou a ser construída em 2011. A fábrica integrava um consórcio composto por Galvão Engenharia, Sinopec (estatal chinesa) e Petrobras. Quando foi lançada, a planta estava orçada em R$ 3,9 bilhões.

Os responsáveis pela Galvão Engenharia foram envolvidos em denúncias de corrupção, as foram obras paralisadas e a Petrobras absorveu todo o empreendimento desde então. Na época, a estrutura da indústria estava quase 81% concluída. 

O processo de venda da UFN3 teve início em 2018 e incluía a Araucária Nitrogenados (Ansa), fábrica localizada em Curitiba (PR). A comercialização em conjunto inviabilizou a concretização do negócio. 

Em 2019, a gigante russa de fertilizantes Acron havia fechado acordo para a compra da unidade fabril. O principal motivo para que o contrato não fosse firmado, na época, foi a crise boliviana que culminou na queda do ex-presidente Evo Morales. 

No ano seguinte, em fevereiro, a Petrobras lançou nova oportunidade de venda da UFN3. Dessa vez, a estatal ofereceu ao mercado a unidade de forma individual. As tratativas só foram retomadas no início do ano passado, com o mesmo grupo russo.

Em 28 de abril de 2022, a petrolífera anunciou em comunicado ao mercado que a transação de venda da fábrica para o grupo Acron não tinha sido concluída. 

No mês de junho, a Petrobras relançou a venda da fábrica ao mercado, e a ideia era que o processo fosse finalizado até novembro do ano passado. Em 24 de janeiro deste ano, a Petrobras anunciou o fim do processo de comercialização da indústria. A nova expectativa é de que o anúncio da retomada da obra seja feito hoje.

1 BILHÃO DE DÓLARES

A fábrica de fertilizantes de Três Lagoas está 80% concluída desde 2014 e deve receber aporte de R$ 5 bilhões (US$ 1 bilhão) para que fique pronta.

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