Torres afirma que não sabe quem entregou minuta do golpe

Foi ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os ataques do 8 de janeiro, nesta terça-feira (8), o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres.

Um dos principais temas abordados pelos parlamentares foi a minuta do golpe, documento que Torres afirma não saber a origem.

“Em razão da sobrecarga de trabalho, eu normalmente levava a pasta de documentos para casa. Os documentos importantes eram despachados e retornavam ao ministério, sendo os demais descartados. Um desses documentos deixados para descarte foi o texto chamado de minuta do golpe”, explicou.

O ex-ministro afirmou que o documento não acabou indo ao lixo por descuido. 

A versão, no entanto, foi questionada pela relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que citou documento do Ministério Público Federal, que diz que a minuta estava “muito bem guardada em uma pasta do governo federal, junto com outros itens de especial singularidade, como fotos de família e imagem religiosa”.

Segundo Eliziane, a CPMI tem fotos que mostram que o documento estava bem posicionado em um armário. “Não é crível, por exemplo, que seja um documento para descarte”, acrescentou.  

Torres se defendeu, afirmando que, provavelmente, alguém arrumou o quarto e mudou a minuta do golpe de lugar.

“Ele [documento] não estava guardado em um lugar privilegiado na minha casa, ele saiu da minha área de atuação ali no quarto e, por isso, ele não tinha sido descartado”, rebateu.

O deputado federal Rafael Brito (MDB-AL) também questionou o ex-ministro, e afirmou que a versão apresentada contradiz a perícia da Polícia Federal, que encontrou somente três impressões digitais no documento, a de Torres, a do advogado dele e a do delegado que fez a apreensão da minuta.  

Questionado por Soraya Thronicke (Podemos-MS) sobre o porquê só haverem três digitais, dada a versão apresentada, Torres afirmou que voltou a defender o que havia dito. “Pelo que eu li, eu não tenho esse laudo, mas pelo que eu li, tem uma série de fragmentos [de digitais] ainda não identificados”.

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