Segundo semestre é a época do ano em que há maior risco de incêndios na região da Serra do Amolar.
De acordo com pesquisadores Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA/UFRJ), o período mais crítico para incêndios começa em setembro na região pantaneira.
A temporada é propícia para queimadas por conta do tempo seco, baixa umidade relativa do ar e escassez de chuva, características comuns da estação de inverno.
“De acordo com registros históricos, a região da Rede Amolar costuma ser mais afetada pelo fogo a partir de setembro, com a atenção se estendendo até janeiro. Em muitos anos, como 2013, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2022, os meses do final da primavera ou início do verão são os mais afetados do ano”, detalharam os pesquisadores do Lasa/UFRJ.
Pantanal em chamas, em 2020. Foto: André Zumak
Em 2020, a Serra do Amolar foi atingida pelo maior incêndio já registrado em mais de um século de registros. Cerca de 97% da área foi queimada. Segundo balanço do governo de MS divulgado na época, o bioma pantaneiro perdeu 1,408 milhão de hectare, o que corresponde a 34,6 mil quilômetros quadrados.
A fauna e flora da região foram praticamente destruídos pelo fogo. O incêndio prejudicou propriedades rurais e ribeirinhos tiveram de deixar suas casas. Moradores e animais foram resgatados pelo Corpo de Bombeiros.
Conforme noticiado pelo Correio do Estado na época, Serra do Amolar, Passo do Lontra e Porto Esperança foram as áreas mais afetadas pelo fogo de 2020.
Pesquisadores da LASA/UFRJ desenvolveram um estudo sobre o fogo registrado na Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar (Rede Amolar) durante 11 anos, mês a mês.Veja, neste vídeo, a evolução do fogo, ano a ano, mês por mês:
RECUPERAÇÃO
O presidente do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Ângelo Rabelo, reforça que após o fogo de 2020, a região passa por um processo de recuperação até hoje.
“Essa área representa um corredor para a biodiversidade onde há centenas de espécies de mamíferos, de aves e de répteis. Fizemos o plantio de 25 mil mudas em parte dessa área, mas ainda é preciso uma continuidade de ações para garantir a conservação e o processo de produção de natureza que é possível ter nesse território”, afirmou.
Plantação de mudas na Serra do Amolar. Crédito: IHP/Divulgação
O solo e vegetação da Serra do Amolar/Pantanal, atingida pelos incêndios de 2020, são cuidados/restaurados até os dias atuais.
O IHP, em parceria com o Exército Brasileiro, realizou o plantio de 25 mil mudas nas áreas mais atingidas pelo fogo de 2020. Foram plantados mudas de angico, ipê roxo, ipê branco, paratudo, manduvi, jacarandá, aroeira, cambará, entre outras.
“A escolha das áreas a serem recuperadas levou em conta o potencial de regeneração local, ou seja, qual o potencial que as áreas têm de se recuperar sozinhas após o fogo. Parte das mudas está sendo produzida no viveiro do IHP, localizado na RPPN Acurizal. Outras mudas vieram do Instituto das Águas da Serra da Bodoquena (IASB)”, detalhou a coordenadora do projeto de recuperação e integrante da equipe do IHP, Angélica Guerra.
O objetivo é recuperar o solo/vegetação pós-incêndio, preservar a biodiversidade local e garantir a qualidade de vida para as comunidades ribeirinhase para a fauna e flora.
SERRA DO AMOLAR
A Serra do Amolar está localizada na imediações de Corumbá, próximo a divisa com a Bolívia e o estado de Mato Grosso, região noroeste de MS.
Ipês-rosa florindo e colorindo Serra do Amolar
É uma formação rochosa (morros) entre Cáceres (MT) e Corumbá (MS). São 80 quilômetros de serras, distribuídos em 300 mil hectares entre os Estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. A única maneira de chegar até o local é de barco ou avião.
Abriga diversas espécies, como a onça-pintada, ariranha, antas, tamanduás-bandeiras.
É classificada, pelo Ministério do Meio Ambiente, como uma área de conservação de biodiversidade de prioridade extremamente alta.
A Unesco denomina essa região como Reserva da Biosfera Mundial e desde 2000 considera o Complexo de Áreas Protegidas do Pantanal (Parque Nacional, RPPN Acurizal, RPPN Penha, RPPN Dorochê e RPPN Rumo ao Oeste) como Patrimônio Natural da Humanidade.
A região faz parte da Rede Amolar, programa criado em 2008 pelo IHP.