Pedrossian denuncia mau cheiro que afeta 8 bairros e propõe suspensão de licença à fábrica

Luciana Nassar

Com denúncias de moradores de oito bairros e dados de Ação Civil Pública, o deputado Pedrossian Neto (PSD) subiu na tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) para propor suspensão de licença à parte de operação de uma das fábricas da empresa JBS, em Campo Grande, quanto às linhas de produção de farinha de sangue e farinha de ossos.

Segundo apurou o deputado, cerca de 100 mil pessoas estão sendo afetadas pelo mau cheiro liberado pelos gases da combustão para o beneficiamento desses produtos. “São extremamente fedidos. Se não fosse a fabricação desses dois componentes, que não é até o produto principal daquele local, não teríamos problema. Eu peguei as duas farinhas, com a ideia de trazer e mostrar, mas confesso que não tive coragem de tão fedidas. Ia inviabilizar o trabalho na Assembleia. Infelizmente 100 mil pessoas têm que aguentar dia e noite. Não basta mover 300 ações judiciais”, denunciou.

Pedrossian disse que a empresa já foi multada, mas não tomou providências para ajustar a falta de sistema de tratamento de odores. Ele mostrou vídeos com depoimentos dos moradores que contam que têm problema no sistema respiratório, dores de cabeça, crianças com enjoo, entre outros. “É o momento para a empresa se pronunciar sobre o que ela está fazendo. Logística suja e mal vedada. Quem tá falando isso é o Ministério Público Estadual [MPE] que moveu ação Civil pública solicitando soluções, incluindo a revisão do sistema de exaustão. Desde 1985 tem relatos do problema”, alegou.

Bairros afetados pela operação segundo apurou o deputado.

Fonte: Gabinete Pedrossian Neto 

Pedro Kemp (PT) confirmou. “Nós já fizemos essa denúncia aqui, várias vezes. Me lembro a primeira que fiz quando eu era vereador, em 1998. Estive no Jardim Carioca e era realmente insuportável. Na época nada foi feito. A gente fica pensando a quem recorrer. Duas décadas se passaram e nós precisamos exigir do MPE, das pastas do Meio Ambiente e da Saúde para que atuem de forma a aliviar o sofrimento daqueles moradores e comerciantes, que já se cansaram de reclamar. Quero me somar em qualquer ação para que o problema não se arraste”, disse.

Suspensão de operação

Para viabilizar uma solução, Pedrossian propôs o Projeto de Decreto Legislativo 08/2025 que susta parcialmente os efeitos da Licença de Operação nº 002241/2023 e da Licença de Instalação e Operação nº 002408/2023, concedidas à empresa JBS S.A. – unidade Campo Grande/MS, pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul – IMASUL, nos termos que especifica. 

“Estamos propondo uma medida técnica, legal, instrumento outorgado à essa Casa pela Constituição Federal, que pode suspender em caso de estarem ferindo leis. Alguém tem alguma dúvida que estão descumprindo? Há três décadas estão descumprindo. Eu clamo aos deputados, que se somem, reitero que não é contra a JBS em si, não queremos fechar a fábrica, pois é uma empresa importante. É apenas ajustar a fabricação desses dois produtos. Não pode fazer naquele lugar. Ou mudam as pessoas ou a fabricação de lugar. Reitero que o Governo está atento, mas parte de operação dessa empresa está desconforme. É questão técnica. Se você abra uma padaria, o que vai fazer a Vigilância Sanitária se estiver desconforme? Vai lá e fecha temporariamente. Por que isso tá acontecendo e não fizemos? Estou propondo um caminho para somente esses dois produtos”, ressaltou Pedrossian.

O parlamentar finalizou dizendo que se a Casa de Leis aprovar a suspensão vai fazer justiça para as mais de 100 mil pessoas que estão “com a cidadania ferida, por não terem seus direitos respeitados”. Os bairros afetados são o Vila Nova Campo Grande, Jardim Carioca, Jardim Itália, Aeroporto, Jardim Zé Pereira, Vila Popular, Vila Silvia Regina e Bosque Santa Mônica II. 

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