Lançado no dia 17 de julho de 2023, o Programa Desenrola Brasil, desenvolvido pelo Governo Federal, já foi motivo de queda no número de endividados no Brasil. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer caiu 0,4 ponto percentual (p.p.) em julho, representando 78,1% das famílias no País.
Com a primeira queda desde novembro de 2022, o volume de endividados chegou ao menor nível desde janeiro deste ano. Do total de pessoas com dívidas, 18,2% consideram-se “muito endividadas”, percentual que também apontou queda, sendo a primeira desde dezembro de 2022. O Programa Desenrola, medida do governo federal que iniciou em julho, propôs a renegociação de dívidas bancárias de pessoas com renda entre R$ 2,6 mil e R$ 20 mil. Isso fez com que a proporção de endividados na classe média diminuísse em julho.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, reforça a importância da Peic no cenário nacional. Isso porque a pesquisa foi utilizada pelo próprio governo federal na construção do programa. Segundo Tadros, “com o início da trajetória de queda da taxa de juros, é esperado um movimento de melhora das condições de compra do brasileiro, o que é positivo para a economia como um todo”.
Nas faixas de renda de 3 a 10 salários mínimos (SM), o volume de consumidores com dívidas caiu 0,7 p.p. em comparação a junho. Conforme a economista da CNC responsável pela Peic, Izis Ferreira, essa redução interrompe a tendência de alta do endividamento desses consumidores, que vinha sendo observada até o fim do semestre passado. No primeiro grupo, das pessoas com renda entre 3 e 5 SM, o volume de endividados caiu ao menor nível desde junho de 2022. Já entre os com rendimentos de 5 a 10 SM, a proporção de endividados é a menor desde janeiro deste ano.
O percentual de inadimplentes também diminuiu entre os consumidores com renda entre 5 e 10 SM, com uma queda de 1,7% no volume dos que estão com contas atrasadas e uma queda de 0,4% nos que afirmam não ter condições de pagar dívidas de meses anteriores.
Além disso, o movimento de renegociação fez a proporção de endividados cair entre junho e julho em 13 das 27 Unidades da Federação. As maiores reduções foram no Distrito Federal (queda de 2,6 p.p.), em São Paulo (2,0 p.p.), no Tocantins (1,8 p.p.), Amapá (1,6 p.p.) e Bahia (1,2 p.p.).
Em outros 13 estados, o volume de pessoas com dívidas aumentou, com destaque para Sergipe (3,6 p.p.), Piauí (2,7 p.p.) e Ceará (2,7 p.p.). Apenas no Espírito Santo, o número de consumidores com dívidas permaneceu estável na comparação mensal.