Clientes denunciam queda na qualidade de atendimentos pelos planos de saúde

Clientes de planos de saúde da Capital vêm relatando diversas dificuldades com as operadoras nos últimos anos. Entre as reclamações está a demora para agendar consultas, principalmente com especialistas, além da queda na qualidade dos atendimentos.

O servidor público Carlos Gimenes é cliente de um dos planos de saúde em Mato Grosso do Sul.

Ele confirmou que a entidade tem adotado um sistema novo que visa o atendimento dos médicos no hospital do próprio plano, e não mais nas clínicas particulares, como era há alguns anos. 
Gimenes relatou que isso ocasionou uma “debandada geral dos médicos”.

O mesmo foi notado pela aposentada Shirley Barbosa, que também é cliente do mesmo plano. Ela comentou que algumas clínicas que eram credenciadas pelo plano acabaram saindo. Com isso, segundo Shirley, “os médicos bons que tinham estão saindo”.

A aposentada descreveu também a demora para marcar consultas, principalmente com médicos especialistas, que as vezes chega a ser de um mês. Há 15 dias, por exemplo, Shirley marcou uma visita ao pneumologista, mas que só ocorrerá nesta quinta-feira.

A necessidade do serviço veio após uma internação por pneumonia, a qual, de acordo com a aposentada, foi descoberta após ela ter passado mal e ter ido ao pronto-socorro.

“Eu tive uma crise, pensei que era asma, mas estava com pneumonia. Tive que internar na hora, mas fui bem atendida”, disse.

Entretanto, algumas pessoas não podem esperar o mesmo período que Sirley por uma consulta, em função da urgência do caso, como aconteceu com a administradora Fernanda Matsuyuki, que precisou com urgência de atendimento psicológico, mas todos os profissionais que atendiam pelo seu plano de saúde estavam com a agenda lotada.

“Os médicos pelos convênios demoram muito para atender, nunca têm data, e meu caso era muito urgente”, pontuou a administradora, que optou por pagar consultas particulares e pedir o reembolso posteriormente, que, no caso do seu plano de saúde, é de 30%.

“Para mim, o plano de saúde só presta para atendimento de urgência, como para pronto-socorro, cirurgia ou internação, porque o restante deixa muito 
a desejar”, criticou Fernanda.

Gimenes também teve despesas não programadas em virtude de uma cirurgia que sua esposa fez, na qual o plano de saúde cobrou pelo equipamento usado.

“Para você fazer uma cirurgia de hérnia de disco, que antigamente era invasiva, hoje é feita via sonda, e o plano não cobre a locação desses equipamentos. Então, ela acaba repassando aos pacientes. Recentemente, a minha esposa fez a cirurgia e o médico optou pela não invasiva. No fim, apareceu uma dívida de R$ 8 mil referente à locação desses equipamentos”, ressaltou o servidor público.

Na opinião de Gimenes, esse tipo de situação vêm ocorrendo pelo plano de saúde ter um aumento de gastos com equipamentos e, por isso, acaba por repassar o custo aos clientes. Porém, o servidor relatou que, em muitos casos, o paciente fica sem opção de escolha.

“Muitas vezes, isso é feito em casos de emergência, então o paciente não tem nem a opção de discutir, de querer ou não, já está internado, já está em via de fazer essa cirurgia, é obrigado a fazê-la e acaba contraindo uma dívida. Talvez se ela tivesse feito pelo SUS, era sem custo no caso, então o plano de saúde ultimamente não tem sido tão vantajoso assim”, opinou.

Para Shirley Barbosa, os casos de cirurgia devem ser iguais aos de internação, sem pagamento “extra” pelo cliente. Conforme a aposentada, em casos cirúrgicos, cerca de 30% do procedimento é pago pelo usuário.

“Acho que isso tinha de acabar. Se você ficou internada, quem tinha de pagar 100% era o plano de saúde. Afinal, você já paga a mensalidade todo mês”, avaliou.

Gimenes considerava uma das vantagens de se ter um plano de saúde a qualidade no atendimento. Contudo, com a saída de muitas clínicas e com a mudança dos locais de atendimento, essa serventia foi diminuindo.

“Hoje, a maioria das clínicas que o plano contrata é praticamente como um posto de saúde. Você chega lá e já tem uma fila imensa. Como o médico não é bem remunerado, geralmente são residentes, eles ficam com um plantão bastante apertado. Você percebe que o atendimento deixa a desejar, é muito rápido e não é tudo aquilo que era como antigamente”, concluiu.

Em razão de sua idade, a aposentada Shirley Barbosa acredita que é melhor pagar um plano de saúde do que “ficar nessas UPAs da vida”, em referência às Unidades de Pronto Atendimento, isto é, o Sistema Único de Saúde (SUS).

O estudante Felipe Araújo não tem plano de saúde, por conta do alto custo para o seu orçamento. Mesmo assim, o jovem confirmou que, todas as vezes que precisou recorrer ao SUS, teve um atendimento de qualidade e rápido.

Entretanto, ele confessou que sabe que, em muitos dos casos, isso não é a realidade.

Outro lado 

Em nota a Cassems afirmou que “preza em oferecer assistência à saúde de qualidade e pelo atendimento humanizado aos servidores públicos de Mato Grosso do Sul e seus familiares”. 

“O Estatuto da Cassems estabelece ainda a coparticipação financeira sobre serviços assistenciais. Cabe ressaltar ainda que o Hospital Cassems de Campo Grande possui, atualmente, 6 (seis) Programas de Residência Médica e que todas as atividades desenvolvidas são coordenadas por médicos especialistas que garantem a qualidade assistencial conforme estabelecem as resoluções que regem qualquer programa de residência médica”, completou .

Facebook
Twitter
WhatsApp

Leia Também