Camerata Madeiras Dedilhadas se apresenta no Memorial da América Latina em SP

Conjunto de música erudita da UFMS que se formou em 2013 fará Concerto no dia 31 de maio

Na noite de 31 de maio, às 20h30, o Auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina, em São Paulo, será tomado pela música erudita. É quando sobe ao palco a Camerata Madeiras Dedilhadas da UFMS, um dos principais conjuntos instrumentais em atividade em Mato Grosso do Sul, que há mais de uma década reafirma sua proposta: reinventar o erudito a partir da matéria-prima tradicional brasileira — o violão e os sopros de banda. A entrada do show é gratuita, mas os ingressos devem ser adquiridos pelo sympla, através do link https://www.sympla.com.br/evento/perolas-do-pantanal/2962345.

Fundada em 2013 como fruto da pesquisa e extensão da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, a Camerata tem em sua essência a inquietação criativa do regente e violinista Marcelo Fernandes, que conduz o grupo com a mesma precisão com que esculpe melodias. Ele conta que o impacto do conjunto no público nasce, em grande parte, da presença do violão: “Você tem violão no sertanejo, no rock’n’roll, no pop, no MPB, no choro, no samba… Quando trazemos o violão para o universo da música clássica, é como se abríssemos uma janela para esse repertório, trazendo junto o engajamento popular. É um instrumento que circula entre todos esses mundos”.

Mas a Camerata não se limita ao popular nem ao tradicional. Seu diferencial está na união de violões com diferentes afinações — em quarta, quinta acima, uma oitava abaixo — e instrumentos de sopro como flauta e clarinete, formando uma textura sonora inédita no cenário da música de câmara. “A gente tem que pensar que flauta e clarinete são instrumentos tradicionais do Brasil também. Então o conjunto é muito ‘brazuca’, no sentido de ter o DNA da música brasileira mesmo tocando música clássica”, pontua Marcelo.

Neste concerto especial, a Camerata recebe ainda um reforço simbólico e sonoro que amplifica sua proposta de brasilidade: a Orquestra Indígena. A participação do grupo indígena reforça o diálogo entre mundos que o projeto já propõe — não só entre o erudito e o popular, mas entre a tradição oral dos povos originários e as partituras acadêmicas.

O repertório apresentado em São Paulo transitará de Villa-Lobos, José Maurício Nunes Garcia, Concerto em Sol Maior para flauta de Pergolesi e incluirá a declamação da poesia “Desencanto” de Manuel Bandeira por Geraldo Vicente Martins. É uma espécie de síntese do que é a Camerata: uma busca por novas camadas de significado para o erudito, sem perder a essência sul-mato-grossense.

A expectativa para esse concerto é especial. “O palco do Simón Bolívar é emblemático. Já recebeu Chico Buarque, Paco de Lucía e Mercedes Sosa. Estar lá, saindo de Campo Grande, com um projeto inusitado como o nosso, é um feito. A gente espera que o público, acostumado com grandes concertos, tenha uma experiência nova, única, ao ouvir a gente”, compartilha Marcelo.

Ao longo de sua trajetória, o grupo não apenas interpretou, mas também inspirou a criação de obras originais. Compositores como Rodrigo Faleiros, Marcos Pablo Dalmácio e o próprio Fernandes compuseram especialmente para a formação. “É um conjunto que tem trajetória e repertório, e que tem feito história aqui no Estado. Estamos criando música erudita aqui em Mato Grosso do Sul”, reforça o regente.

No concerto “Pérolas do Pantanal”, a Camerata Madeiras Dedilhadas mostra que inovação não é sinônimo de ruptura — mas de reencontro. Com um Brasil inteiro nas cordas e nos sopros, o conjunto transforma a tradição em presente e projeta Mato Grosso do Sul em direção a plateias que, mais do que escutar, serão convidadas a sentir.

Músicos da Camerata Madeiras Dedilhadas:

Violões: Joel Mendes, Pedro Irineu, Evandro Dotto, Arthur Manhães, Elias Manhães, André Terêncio, Pedro Marques, Gabriel Santos, Kleytson Oliveira;
Sopros:
Flautas: Kemer Almeida, Erik Vinícius;
Clarinetas: Hudson Campos, Millene Castro;
Clarone: Alexandre Rezende;
Fagote: Gabriel Vera.

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