No último dia 11 de julho, os vereadores de Campo Grande aprovaram, em duas sessões, o Projeto de Lei 10.962/23, que dispõe sobre a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para o exercício financeiro de 2024 da Prefeitura Municipal, prevendo uma receita total de R$ 6.526.000.000,00, estimando crescimento de 20,45% em relação ao que foi previsto no Orçamento deste ano, de R$ 5.481.000.000,00.
Porém, um fato passou despercebido pela maioria das pessoas, que a Câmara Municipal terá direito a 4,5% desse orçamento bilionário, o que na prática representa um montante de R$ 293.670.000,00 nos cofres da Casa de Lei da Capital. Com esse “caminhão” de dinheiro, seria possível comprar um novo prédio para o Legislativo municipal e oferecer cursos de qualificação para todos os 29 vereadores e os demais funcionários.
Além disso, seria possível aumentar o salário dos professores da Reme (Rede Municipal de Ensino) de Campo Grande, investir na pavimentação asfáltica dos bairros da periferia da cidade, construir casas populares, enfim, dá para fazer uma infinidade de melhorias para a população do município. Afinal, R$ 6,5 bilhões representam 26% do orçamento de R$ 25 bilhões do Governo de Mato Grosso do Sul.
Na avaliação do cientista político Antonio Ueno, diretor-presidente do Grupo Ranking, já passou da hora de reduzir o percentual de repasse para as câmaras municipais, tanto de Campo Grande, quanto dos municípios do interior do Estado. “É preciso iniciar mobilização para conscientizar a sociedade sobre o ônus que esse percentual causa aos municípios. A população paga um custo muito elevado para arcar com a estrutura de cada gabinete”, ressaltou.
“Para brasileiros com necessidades ainda básicas, o valor de quase R$ 300 milhões assusta, pois esse recurso poderia contemplar a população, porém, está tirando do povo a possibilidade de mais investimentos em saúde, segurança, educação, lazer, esporte, cultura e tantas outras áreas que pedem socorro. Menos gasto significa retorno em benefício à população”, argumentou.
Tony Ueno reforça que dinheiro em cofres públicos nunca é demais, há sempre muito a ser feito. “E cada um pode fazer a sua parte iniciando movimento favorável à redução do percentual de repasse do orçamento da Prefeitura para a Câmara, seja na escola, em casa, no trabalho, nas redes sociais ou diretamente na rua. Quaisquer reivindicações são legítimas desde que se compreenda o fundamento”, finalizou.