O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, afirmou nesta terça-feira (29) que o banco estuda um programa de incentivo ao reflorestamento de até 50 milhões de hectares da Amazônia.
Ele sugeriu que o plano seja parte de uma “proposta ambiciosa” para que o Brasil seja o primeiro entre as grandes economias a zerar as emissões de gases do efeito estufa. O prazo e as condições para o reflorestamento, afirmou, ainda estão em estudo.
Mercadante participou de evento promovido pelo Thinking 20, braço de engajamento acadêmico do G20, o grupo que reúne as 20 maiores economias mundiais, que será presidido pelo Brasil em 2024.
“Tanto no G20 quanto na COP [30, conferência da ONU que será realizada em Belém] quanto na assembleia da ONU [Organização das Nações Unidas], o Brasil precisa apresentar proposta ambiciosa. Devemos lutar para ser o primeiro país a apresentar emissão zero entre os países do G20”, disse.
Ele destacou que metade das emissões brasileiras são provenientes do desmatamento e cerca de um quarto do restante, do uso da terra. A proposta seria regenerar florestas com o plantio misturado de árvores produtivas e nativas.
“Temos que lançar um projeto de impacto porque é urgente avançar nessa perspectiva”, afirmou, sugerindo ainda que o projeto seja viabilizado com recursos internacionais no pagamento de serviços florestais.
Com o reflorestamento, afirmou, o país conseguiria retirar 600 milhões de toneladas de carbono do planeta. “Vamos atingir, não só a nossa meta, como contribuir decisivamente para o planeta como nenhum outro projeto com esse alcance.”
Mercadante saiu do evento sem dar entrevistas. Procurado, o BNDES disse que ainda não pode adiantar detalhes.
O presidente do BNDES defendeu que a emergência climática seja foco do mandato brasileiro no G20. “Se formos tratar de todos os temas, vamos continuar no mesmo lugar.”
A falta de avanços em relação a metas de desenvolvimento sustentável foi criticada também pelo economista americano Jeffrey Sachs, que defendeu maior participação de bancos de fomento ao redor do mundo para financiar projetos que visem atingir esses objetivos.
Nos Estados Unidos, disse, a falta de interesse pelo assunto é tanta que nem presidentes citam os objetivos do desenvolvimento sustentável. Esse desinteresse, concluiu, afeta decisões das organizações ligadas ao G7, como o FMI (Fundo Monetário Internacional).
“Nós precisamos de uma expansão maciça dos meios oficiais de financiamento. CAF [Corporação Andina de Fomento], BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento], bancos de desenvolvimento africano, asiático e o New Development Bank [o banco dos Brics]”, afirmou.
“Se isso não acontecer, eu posso garantir que estaremos aqui em 2032, na Rio+40 e vamos ver que não adiantou anda”, disse ainda, em referência ao encontro Rio+20, que definiu os objetivos de desenvolvimento social.