O Jornal da Top, da Rede Top FM, entrevistou, na tarde de terça-feira (8), o ex-senador Delcídio do Amaral, presidente estadual do PRD, que falou de sua experiência adquirida com todos os percalços que teve na política e do futuro da federação criada com o Solidariedade. Ele deixou bem claro que a aliança, que pode ainda ganhar um novo partido, terá candidato a governador, senador, deputado federal e deputado estadual nas eleições gerais do próximo ano em Mato Grosso do Sul.
“Eu era ingênuo demais na política, a desprezo de toda a experiência que eu sempre tive empresarial, como executivo e como engenheiro. Eu acreditei em muitas coisas que não deveria. Outra coisa também, quando eu construí minha candidatura em 2014, que era para ganhar a eleição, eu tinha todas as condições de vencer, mas um dos meus erros foi a soberba”, recordou.
Ele citou o filme “Advogado do Diabo”, de 1997, em que o ator Al Pacino faz o papel do demônio. “O cara que tinha vendido a alma dele, o diabo, que era o Al Pacino, finge ser jornalista e entrevista ele. Quando desce a escada, Al Pacino olha para cima e muda a cara, voltando a ser o diabo e diz assim: soberba, o meu pecado predileto. Pois esse foi um erro meu, a soberba”, detalhou.
O ex-senador ainda lembrou de um outro erro, que foi quando construiu uma aliança para consolidar a sua posição politicamente nas eleições de 2014. “Eu fui traído na hora do vamos ver. O partido queria fazer uma dobradinha comigo, que era uma espécie de rebatimento do projeto federal da então presidente da República Dilma Rousseff (PT) com o então vice-presidente Michel Temer (MDB). Não aconteceu e ainda lançaram um candidato para que eu não ganhasse no primeiro turno”, lamentou.
Delcídio contou na entrevista que tinha tanta confiança na vitória para governador de Mato Grosso do Sul que chegou ao exagero de liquidar a disputa no primeiro turno. “E fui para o segundo turno com esse movimento. No segundo turno, quem disse que ia me abraçar, mais uma vez me abandonou e se juntou com o candidato adversário em uma das campanhas mais grosseiras, mal-educadas e de ataques pessoais. Aí foi mais um erro meu”, garantiu.
O presidente estadual do PRD afirmou que, quando começou a baixaria, como não era um cara capaz de abaixar o nível da campanha eleitoral, acabou perdendo a eleição. “Fui mal aconselhado por assessores e tal que eu tinha de responder à altura. Foi ali que eu definitivamente acendi as velas do meu caixão. Porque eu fui entrar nessa linha e não estou acostumado a chafurdar na lama, como alguns políticos daqui que vivem e adoram esse tipo de política. É grana e porrada, se você não ganhou a eleição, é porque você não deu tanta porrada ou não botou tanto dinheiro”, afirmou.
Delcídio assegurou que faz política para debater coisas que interessam o povo, não para baixar o nível. “Esse conjunto de ações me prejudicaram fortemente e boa parte delas eu sou o único responsável por ter falhado”, resignou-se.
Próximas eleições
Sobre as próximas eleições, o ex-senador revelou que a orientação nacional é que, como é uma federação em formação entre o PRD e o Solidariedade, existe uma possibilidade de vir mais um terceiro partido. “Nós vamos lançar candidato a governador, candidato a senador, a deputado federal e a deputado estadual. Nós vamos estar nesse jogo agora, isto é, em 2026”, garantiu.
Ele disse que participará ativamente das eleições de 2002, ganhando ou perdendo. “Quando era do PTB, que agora virou PRD, eu adotei uma postura muito mais de manter o grupo unido. Apesar de terem usado esse mesmo time que está na lama até hoje para atacar a minha família, para pedir para não votar em mim porque iria perder o voto e não sei o que lá mais, aviso que agora isso acabou. Eu estou de mãos limpas e provei quem eu sou para o meu povo, para a minha gente, para o meu Estado e para o Brasil. Porque eu nunca fui um senador só de Mato Grosso, fui um senador do Brasil”, argumentou.
Delcídio lembrou que, ao contrário da rotina que enxerga atualmente, de políticos com falas bonitas ou que ficam lá no laptop esperando curtidas e comentários positivos, ele é mais povo mesmo, andar na rua, ouvir as pessoas, as críticas, aceitar as críticas, mudar e ter um projeto. “Bom, minha família é de pecuaristas, nós fomos criados no Pantanal, entramos em Corumbá no início do século XX, portanto, são pessoas que já estão lá há muito tempo. Mesmo em Corumbá eu vi as pessoas me criticarem, dizendo que sou paulista, catarinense e tal, que tenho mansão lá na beira do mar, em Jurerê Internacional, essas conversas aí. Esses caras não têm nem um décimo do tempo que minha família se consolidou lá em Corumbá”, retrucou.
Para encerrar a entrevista, ele disse que primeiro é preciso entender que a política não pode ser criminalizada, não pode ser rejeitada. “A política é a máquina motriz de um país, de uma sociedade. E as pessoas precisam exercer a liberdade que o sistema democrático proporciona para que cada um dê sua opinião, defenda os seus valores, defenda o seu futuro e combata principalmente determinados governos que, na pressão, calam as pessoas que poderiam vir para a política e ajudar o Estado, ajudar a sociedade, ajudar o seu país. Esse é o espírito que nós vamos começar a implementar”, ressaltou.
O ex-senador garantiu que vai pretende lançar um time com uma cabeça arrumada, que tem projeto político, que tem propostas e que deseja debater a política para trazer cidadania, desenvolvimento econômico e social para o Estado e ajudar o Brasil. “Então, não tenham medo. Talvez o maior problema que as pessoas enfrentam ao longo da sua vida é o medo, não tenha medo. Vou encerrar minha entrevista só com uma frase aqui, que é a síntese do que eu estou falando, mas dentro de uma visão muito pessoal que tenho, não só como político, mais também como engenheiro e como gente: falar sem aspas, amar sem interrogação, sonhar com reticências e viver sem ponto final”, recitou.
Assista a entrevista completa pelo link:
