A Organização Mundial da Saúde (OMS) voltou a afirmar que a origem do coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 permanece inconclusiva. Em novo relatório divulgado por seu grupo de especialistas, o Scientific Advisory Group for the Origins of Novel Pathogens (SAGO), a entidade declarou que ainda não é possível confirmar como o vírus SARS-CoV-2 passou a infectar humanos, e que todas as hipóteses seguem abertas — incluindo tanto a transmissão natural a partir de animais quanto a possibilidade de um vazamento acidental em laboratório.
Um dos principais entraves apontados pela OMS é a ausência de dados considerados essenciais que deveriam ter sido fornecidos pela China. O grupo revelou ter solicitado registros genéticos, informações sobre os primeiros casos e detalhes sobre os laboratórios de Wuhan — onde o vírus foi identificado pela primeira vez —, mas não recebeu acesso completo a esse material. Para a OMS, essa falta de cooperação dificultou severamente os esforços para esclarecer a origem da pandemia.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, reforçou que a busca por respostas deve ser uma prioridade global. Segundo ele, identificar a origem do vírus não é apenas uma questão científica, mas também um “imperativo moral”, diante do impacto humano e econômico da pandemia, que causou mais de 20 milhões de mortes e trilhões em prejuízos ao redor do mundo.
Apesar dos esforços do SAGO, o relatório também revelou discordâncias internas. Um dos especialistas deixou o grupo antes da conclusão dos trabalhos, enquanto outros três pediram que seus nomes fossem removidos do documento final, refletindo a complexidade e a sensibilidade política que envolvem o tema.
A China, por sua vez, continua a rejeitar categoricamente a hipótese de vazamento laboratorial e acusa outros países de politizarem o debate. O governo chinês propõe que investigações sobre a origem da Covid-19 também sejam realizadas em outras nações, incluindo os Estados Unidos.
Com o avanço limitado das investigações, a OMS afirma que o caminho para a verdade sobre as origens da pandemia segue aberto — mas depende da colaboração total de todos os países envolvidos.