A missão espacial da Agência Espacial Europeia vai procurar por sinais de vida em Encélado, uma das luas de Saturno, e terá participação brasileira para o desenvolvimento da tecnologia.
Encélado (ou Enceladus) é uma lua oceânica congelada do planeta Saturno. Embora seja pequena (mede cerca de 500 quilômetros de diâmetro), é um dos objetos mais intrigantes na busca por sinais de vida em nosso Sistema Solar.
Saturno é o planeta do Sistema Solar que tem o maior número de luas: 274. A maior delas é Titã, com tamanho aproximado do planeta Mercúrio.
E a Agência Espacial Europeia (ESA) vai explorar Encélado em busca de sinais de vida como parte de seu ambicioso programa Voyage 2050. A primeira missão do programa, que é chamada por enquanto de “L4”, terá tecnologia desenvolvida por cientistas brasileiros. Saiba mais abaixo.
A Missão ‘L4’ do programa europeu Voyage 2050
Primeiramente, falamos sobre as três grandes prioridades do programa Voyage 2050: missões de grande porte em luas de planetas gigantes, em exoplanetas temperados e no Universo primordial. E é nesta primeira que entra a missão ‘L4’.
A missão ‘L4’ focará em Encélado, explorando suas plumas e buscando indícios de habitabilidade, incluindo a possível presença de vida microscópica. Mas e qual a importância disso?
Isso porque Encélado expele jatos de vapor d’água de dentro do oceano ‘escondido’ sob a sua superfície de gelo através de fissuras. Essas plumas expelidas permitem a identificação de materiais que podem conter bioassinaturas – indícios de processos biológicos passados ou presentes lá; e isso sem precisar perfurar a crosta.

Esta missão prevê o envio de uma espaçonave que realizará sobrevoos por Encélado para coletar partículas expelidas por essas plumas. Posteriormente, a nave deve entrar em órbita da lua e lançar uma sonda que vai pousar, coletar material e realizar análises in situ.
Atualmente, a missão ‘L4’ está em fase de análise e definição dos objetivos, com expectativa de aprovação formal pela ESA até o segundo semestre deste ano. O lançamento da sonda está previsto para ocorrer por volta de 2040-2045, com os primeiros resultados esperados a partir de 2050.
A participação do Brasil
O Brasil participará da missão ‘L4’ com o desenvolvimento de um simulador. O Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) foi convidado a participar do desenvolvimento de um simulador avançado da missão, um “gêmeo digital” que ajudará a testar e a otimizar a missão. Esta ferramenta prevê situações críticas, ajusta rotas, testa equipamentos e valida protocolos antes do lançamento da espaçonave.
E como funcionará esse simulador? Ele permitirá a avaliação de diferentes possíveis cenários da missão, analisando condições como: a influência gravitacional de Saturno, as temperaturas extremas, as interações com partículas ionizantes no ambiente espacial e o uso de equipamentos eletrônicos naquele ambiente.
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Este simulador também servirá como base para o treinamento das equipes envolvidas, antecipação de falhas e otimização do desempenho dos instrumentos científicos.
A participação do IMT neste projeto reafirma o papel da pesquisa brasileira em projetos de ponta da exploração planetária, posicionando o país como um parceiro relevante em pesquisas sobre a busca de vida fora da Terra.