Um ano depois, chuvas extremas estacionaram sobre o RS. Há risco de mais chuvas intensas até o fim de junho

Pouco mais de um ano após enchentes históricas, o Rio Grande do Sul enfrenta novamente um evento climático extremo. Em algumas cidades, choveu mais de 200% da média de junho em apenas 3 dias.

Desde a última segunda-feira (16), o Rio Grande do Sul tem enfrentado mais um episódio de chuva extrema. O sistema começou a atuar com fortes temporais e granizo na fronteira Oeste e rapidamente evoluiu para uma condição crítica: a chuva torrencial estacionou sobre o estado, especialmente sobre áreas do Noroeste e Centro, provocando transtornos generalizados ao longo de dois dias inteiros.

A convecção que estacionou sobre o Rio Grande do Sul manteve este formato em ‘V’ durante praticamente 2 dias, com chuvas torrenciais.
A convecção que estacionou sobre o Rio Grande do Sul manteve este formato em ‘V’ durante praticamente 2 dias, com chuvas torrenciais.

Com mais de 300 mm acumulados, o cenário remete aos impactos da tragédia climática que assolou o estado há pouco mais de um ano, em maio de 2024dezenas de municípios afetados, perdas de vidas humanas, rios transbordando, ruas completamente alagadas, deslizamentos de terras e queda de pontes.

O evento extremo em números

Até o momento, as cidades do Centro e do Noroeste do Rio Grande do Sul foram as mais afetadas pela chuva torrencial ininterrupta. O mapa abaixo mostra os acumulados de chuva nas últimas 72 h sobre o estado gaúcho em estações oficiais do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), com diversas cidades superando – e muito – a média mensal de junho.

Precipitação acumulada (mm) nas últimas 72h nas estações oficiais do INMET. Créditos: INMET.
Precipitação acumulada (mm) nas últimas 72h nas estações oficiais do INMET. Créditos: INMET.

Entre as cidades monitoradas oficialmente pela rede do INMET, os maiores acumulados nas últimas 72 h foram:

Estas estações seguem normas rígidas para a coleta de dados, garantindo a confiabilidade dos registros para fins de comparação com outros lugares ao redor do mundo todo.

Em Santa Maria choveu cerca de 237% da média climatológica de junho (132.7 mm) em apenas três dias.

Estações não oficiais registraram valores ainda superiores, de até 450 mm em 4 dias, e os volumes podem ter sido ainda maiores em cidades onde não há monitoramento.

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De acordo com a Defesa Civil, até o momento:

  • 68 municípios registraram alagamentos, deslizamentos e danos em residências, estradas ou pontes;
  • 2,6 mil pessoas foram desalojadas de suas casas;
  • 2 pessoas morreram em Candelária e há 1 pessoa desaparecida em Caxias do Sul, devido aos carros terem sido arrastados pelas águas;
  • Até ontem (18) cinco rios ultrapassaram a cota de inundação causando enchentes: Jacuí, Ibiripuitã, Taquari, Caí e Jaguari.

Nesta quinta-feira (19) sistema começa a se deslocar e, embora ainda tenha previsão de chuva nas áreas mais afetadas, isso representa um alívio quando comparado aos últimos 3 dias.

Comparando com maio de 2024

Há pouco mais de um ano, entre 26 de abril e 5 de maio de 2024, o Rio Grande do Sul vivenciou um evento histórico inédito de precipitação, o pior desastre hidrológico do Brasil, 96% do estado foi afetado, deixando centenas de mortos.

Em 27 pluviômetros do centro-norte do estado, os acumulados variaram entre 415 e 812 mm nesse período. Santa Maria registrou 803 mm, sendo 300 mm apenas no dia 30 de abril.

Embora o evento em curso neste momento tenha uma abrangência menor e esteja previsto para durar menos tempo, os volumes de precipitação foram torrenciais e suficientes para causar mortes, estragos, e remeter a população ao evento do ano passado – do qual algumas pessoas mal se recuperaram.

Previsão de mais chuva até o fim do mês

Embora a chuva dê uma trégua no fim da semana, a previsão do modelo ECMWF indica que a chuva deve retornar em breve sobre o estado. Na última semana de junho, uma nova frente fria trará mais instabilidade, associada à queda brusca nas temperaturas – e risco de neve.

Previsão de anomalia de precipitação entre 23 e 30 de junho. Créditos: ECMWF.
Previsão de anomalia de precipitação entre 23 e 30 de junho. Créditos: ECMWF.

Embora os maiores volumes previstos sejam para o centro-norte da região Sul, com o solo já encharcado, os rios cheios e a população em situação de vulnerabilidade, o risco de novos alagamentos, deslizamentos e transtorno permanece até o fim do mês.

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