Avançada, a tecnologia fez milhares de empresas do agronegócio deslancharem em produções de tempos para cá. No mesmo ritmo, a mudança climática gerou muitos impactos na produtividade agrícola. Foi a partir deste momento que indústrias precisaram mudar de rota, adotando práticas mais sustentáveis de produção.
Um exemplo adotado em Mato Grosso do Sul, é a compostagem, o processo possui a capacidade de sanitizar o material orgânico, estabilizar sua fração orgânica e ainda disponibilizar um produto final com características físico-químicas e biológicas que promoverão uma melhoria no sistema produtivo quando aplicado ao solo.
O processo de compostagem consta no Plano Nacional de Resíduos Sólidos e diminui os impactos ambientais relacionados à redução da disposição de resíduos orgânicos nos aterros sanitários, gerando a diminuição de custos para os municípios que terceirizam os serviços de manejo dos resíduos sólidos domésticos e pagam por tonelada coletada, transportada e disposta nos aterros sanitários. A compostagem e destinação ambientalmente adequada pelos geradores diminuem esses custos para os municípios, pois trata esses resíduos nas próprias cidades, não incorrendo assim em custo logístico.
Organoeste
A Organoeste, empresa situada em Campo Grande, é um dos grandes exemplos de sustentabilidade, a fim de transformar a indústria sul-mato-grossense em “mais verde”. A indústria tem o “Selo de Empresa Parceira da Natureza”, prêmio conferido pelo IBDN Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza.
A empresa é o destino final de resíduos, ambientalmente adequado para receber estes resíduos orgânicos e tem a função de fazer a economia circular da matéria orgânica.
Rodrigo Sabatini, pres. Instituto Lixo Zero Br
e Diego de Souza da Organoeste
O gerente de Sustentabilidade da Organoeste, Diego de Souza Lima contou como a empresa recebe este material. “Recebemos um resíduo que seria um passivo ambiental e através da compostagem reinserimos na cadeia produtiva como adubo, contribuindo para uma agricultura mais sustentável. Várias empresas parceiras coletam e transportam os resíduos e destinam até nosso pátio de compostagem. A concessionária municipal não é responsável pela coleta de estabelecimentos enquadrados como grande geradores e os custos destes”, detalhou Diego.
O gerente ainda explicou que recebem resíduos orgânicos segregados na fonte (limpos e sem rejeito), descartáveis no processo produtivo ou produtos geralmente fora dos padrões comercializáveis. Além disso, também recebem resíduos de abatedouros (esterco, rúmen), rejeito de incubatórios, varredura, cinzas, pó-de-serra, agroindústrias em geral.
“A compostagem dos resíduos orgânicos evita a emissão de metano (CH4), um gás de efeito estufa muito mais potente que o dióxido de carbono (CO2). O metano é produzido quando os resíduos orgânicos se decompõem em aterros sanitários. Ao compostar esses resíduos em condições aeróbicas adequadas, o metano é minimizado, reduzindo assim as emissões de gases de efeito estufa”, explicou Diego.
Matéria essencial para o Solo
Com experiência de 24 anos, trabalhando com adubo orgânico a partir da compostagem, Fabiano Arantes, proprietário da Organosul, pontuou a consequência de um solo sem a matéria orgânica, como a infertilidade e, consequentemente, a improdutividade. “Um solo com baixa incidência de matéria orgânica, ele naturalmente entra num processo de degradação, porque vai ocorrer perca das estruturas, físicas, químicas e biológicas. Ele perde a capacidade de retenção de umidade, diminui a oxigenação, ocorrendo ainda uma redução drástica da vida microbiana desse solo”, disse.
O proprietário também apontou o benefício da compostagem para a recuperação da pastagem degradada. “Costumo dizer, compostagem não é só uma solução que nos leva a um ambiente mais limpo, mas também nos permite produzir um solo mais vivo e muito mais fértil. Quando se fala da recuperação de pastagem degradadas, o uso do biofertilizantes oriundos dos processos de compostagem, é excepcional, pois não necessita de nenhum tipo de reforma de pastagem, e sim de recuperação, o que é economicamente viável para o produtor”.