Ao participar de entrevista ao site JD1 Notícias, o cientista político Antonio Ueno, diretor-presidente do Grupo Ranking, analisou os motivos que fizeram com que a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), tivesse um bom desempenho na última pesquisa do Instituto Ranking Brasil Inteligência. “Em relação à prefeita, ela conseguiu melhorar muito seu índice de aprovação devido ao fato de estar, cada vez mais, desvinculando sua imagem do ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD)”, assegurou.
Conforme Tony Ueno, Adriane Lopes está com uma equipe própria e, com isso, já consegue andar com as próprias pernas. “Ela iniciou nos últimos sete meses de 2023 uma excelente administração”, analisou, completando que, no caso do governador Eduardo Riedel (PSDB), ele tem uma aprovação melhor no interior do que em Campo Grande. “Mas isso tem uma explicação: o ex-governador Reinaldo Azambuja estava com várias ações no interior e, como a imagem do Riedel está ligada a dele, hoje o desempenho do atual governador é melhor no interior do que quem Campo Grande”, pontuou, reforçando que, mesmo assim, Riedel tem uma avaliação muito positiva também na Capital.
Sobre as eleições do próximo ano, ele argumentou que, conforme as pesquisas de intenções de voto, a melhor bandeira para um candidato ou candidata a prefeita adotar é demonstrar que entende de gestão pública. “O eleitor quer uma pessoa que se preocupa com os valores que estão sendo arrecadados e investidos no seu município. Vou dar um exemplo, Campo Grande, no próximo ano, terá um orçamento de R$ 6,5 bilhões, ou seja, mais de US$ 1,2 bilhão. É muito dinheiro, que poderá ser destinado à saúde, à educação, à segurança pública e à infraestrutura”, ressaltou.
Então, de acordo com Tony Ueno, a população quer uma pessoa que saiba fazer uma boa gestão de todos esses recursos. “Campo Grande não pode continuar só pagando folha de funcionário. Tem que sobrar dinheiro para investimentos. Portanto, se a prefeita conseguir, nos próximos 12 meses, fazer essa gestão, ela com certeza entrará muito forte para a reeleição. Agora, os concorrentes com certeza estão também se preparando para disputar essa eleição na Capital. Quem é que não quer ser prefeito de Campo Grande?”, questionou.
O cientista político explicou ainda que, em relação aos municípios do interior do Estado, não é diferente. “Porque a situação financeira dos municípios do interior está muito equilibrada, sendo raros os municípios que estão com as finanças estagnadas ou até negativa. Vou dar um exemplo, em Ribas do Rio Pardo está sobrando dinheiro em caixa. Falta o quê? Projeto e uma boa interlocução com a Câmara de Vereadores, deputados federais e deputados estaduais para que os investimentos sejam aplicados devidamente no município. Então, a população está procurando para 2024 um bom gestor”, garantiu.
Ele informou ainda que Campo Grande tem 35% da população evangélica e 52% de católicos, mas, um grupo que tem crescido muito é o formado por pessoas sem religião, que hoje está em torno de 10%. “Além disso, a população da Capital é formada em sua maioria por mulheres, mas, mulheres não votam em outra mulher, portanto, Adriane Lopes terá de romper essa barreira para garantir sua reeleição ou ao menos ir para o 2º turno. Por isso, eu sempre falo que o perfil do eleitor da Capital está cada vez mais exigente e nas eleições do ano que vem vão ser muito bem disputadas, sendo que cada segmento tem de ser estudado pelos candidatos para conquistar o apoio deles”, aconselhou.
Em relação ao ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), Tony Ueno argumentou que ele não está morto. “Ele teve agora a situação de terem sido cassados os seus direitos políticos, mas isso veio para inflamar ainda mais os seus seguidores. Já o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), começou a fazer uma boa administração nesses sete meses e está conseguindo trabalhar principalmente as áreas sociais. Portanto, o apoio do Bolsonaro é importante, mas Campo Grande tem que ser estudada em um todo, pois só o apoio do ex-presidente não fará a diferença”, assegurou.
O cientista político também fala que o candidato não pode esquecer dos 10% de pessoas que dizem não ter religião. “É um grupo que tem que ser estudado melhor, pois não sabemos para onde eles vão. E é por isso que somente o apoio do Bolsonaro não vai ser o suficiente. O eleitorado tem de ser estudado como um todo para sim garantir uma boa votação”, recomendou.
Ele acrescentou que hoje o candidato precisa estudar cada situação. “Por exemplo, o Eduardo Rider começou com 1% a campanha para governador em 2022 e ninguém apostava nele. Mas eu acompanhei de perto toda a sua evolução e uma das primeiras coisas que ele fez foi estudar o Estado. O perfil econômico, as rodovias e a questão da segurança pública, da saúde e da educação. Então, hoje, o candidato tem de estar preparado para tudo, inclusive para o debate que foi a grande diferença no 2º turno do ano passado, quando o Riedel derrotou o candidato adversário. Portanto, se você quer ser candidato em 2024, se prepare porque não tem mais ninguém bobo nessa história. Os candidatos estão cada vez mais profissionais e o eleitor cada vez mais exigente”, analisou.
Tony Ueno ainda informou que o Instituto Ranking Brasil Inteligência já visitou 30 municípios do Estado. “Estamos fazendo mais uma rodada agora, começando por Caracol, Bela Vista, Ponta Porã e Amambai. Semana que vem estaremos fazendo Bataguassu, Anaurilândia e Brasilândia, que são municípios sem influência de Campo Grande, mas que são importantes para a economia local, com boa geração de emprego e renda. Então nós temos alguns municípios aqui do nosso Estado, como Maracaju, onde a renda é muito alta, assim como São Gabriel do Oeste e Chapadão do Sul, que são cidades que precisam de mais envolvimento, de um cuidado melhor, todavia, elas têm uma economia muito forte”, ressaltou.
O cientista político lembrou que a pandemia da Covid-19 fez com que os prefeitos fizessem um equilíbrio financeiro nas suas receitas muito grande. “Dois municípios assim que eu gostaria de citar estão com as finanças meio abalada, que são Dourados e Campo Grande, mas Dourado já tá conseguindo sair do atoleiro, enquanto Campo Grande ainda está cada vez mais comprometida com a folha de pagamento. Isso precisa ser estudado, mas esses municípios do agronegócio que eu citei são os grandes municípios em destaque hoje em Mato Grosso do Sul”, citou.
Para finalizar, ele citou que em 2020 o Instituto Ranking Brasil Inteligência fez pesquisas em 51 municípios no Estado e acertou em 48, errando em apenas três. “Desses três municípios, teve dois que nenhum instituto acertou ou ao menos chegou próximo do resultado, que foram Dourados e Costa Rica. Então foi uma surpresa de última hora e as pessoas acabam mudando de opinião. Porém, dos 51 municípios, acertar 48 foi uma alegria muito grande. Em 2022 não foi diferente, pois acertamos 21 dos 24 deputados estaduais, seis dos oito federais, acertamos para o Senado, para a presidência da República e para governador no 1º e 2º turnos, inclusive fazendo a prova dos novos que a boca de urna apontou. Às 16h02 nós divulgamos o resultado que estaria nas urnas, então, foi um desafio muito grande e conseguimos provar para nós mesmo que o nosso trabalho foi bem feito e com isso acabamos contribuindo para a democracia e o bem do nosso estado”, finalizou.
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