Talentos brasileiros em destaque: como o Brasil virou um celeiro para contratações globais

*Tiago Monteiro, Fundador e CEO Global da LUZA Group 

É possível afirmar que o capital humano é o principal diferencial competitivo de uma empresa. No entanto, o universo corporativo encontra cada vez mais dificuldades para preencher uma vaga, tornando o apagão de talentos um desafio de escala global que afeta companhias de todos os tamanhos e setores. Em 2024, uma pesquisa da consultoria Manpower Group identificou que 75% dos empregadores ao redor do mundo relataram problemas para suprir os cargos disponíveis. Diante desse contexto, o Brasil desponta como uma solução.

Segundo informações divulgadas pela empresa de Recursos Humanos Deel no “Relatório Global de Contratações Internacionais”, o país está no ranking dos cinco mais procurados por organizações estrangeiras, indicando um aumento de 43% no número de brasileiros contratados no exterior entre os anos de 2022 e 2023 nos quais Estados Unidos, Reino Unido, Suécia e Canadá aparecem entre os principais contratantes. Áreas como Tecnologia e Engenharia são algumas com o maior nível de interesse.

Historicamente, a mão de obra brasileira era associada a custos competitivos. Hoje, porém, os empregadores valorizam competências que vão além do custo-benefício. Profissionais do Brasil são reconhecidos por alta qualificação técnica e habilidades interpessoais, conhecidas como soft skills. Criatividade, resiliência e adaptabilidade, moldadas pela diversidade cultural brasileira, são diferenciais notáveis. Além disso, o foco em aprendizado contínuo e a capacidade de solucionar problemas de maneira inovadora colocam o país em posição de destaque no cenário global.

Em paralelo, a pandemia de Covid-19 foi um marco na transformação do mercado de trabalho, consolidando o modelo remoto e eliminando barreiras geográficas. Esse formato permitiu que brasileiros competissem em pé de igualdade com profissionais de outras regiões, ampliando oportunidades no mercado internacional. 

Embora a “exportação” de talentos possa gerar preocupações sobre fuga de cérebros, há benefícios concretos para o Brasil. Primeiramente, as remessas financeiras enviadas por esses profissionais fortalecem a economia local. Em segundo lugar, a experiência adquirida em ambientes globais é reinvestida no país por meio de iniciativas empreendedoras e formação de outros profissionais. Além disso, o destaque internacional melhora a reputação do Brasil como fonte de mão de obra qualificada.

Para aproveitar ao máximo essa oportunidade, o Brasil deve investir em políticas que incentivem a qualificação profissional e a retenção de talentos. Programas de capacitação em áreas estratégicas, parcerias entre governo e setor privado e estímulos ao retorno de profissionais ao país são medidas importantes. A exportação de mão de obra qualificada posiciona o Brasil como protagonista no mercado global de talentos. Enquanto os profissionais brasileiros conquistam novas oportunidades e crescem em suas carreiras, o país se beneficia economicamente e culturalmente desse intercâmbio. Ao conectar as habilidades únicas de seus trabalhadores às demandas internacionais, o Brasil não apenas supre uma lacuna, mas se consolida como potência em capital humano.

Formado em Engenharia Mecânica pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, em Portugal, Tiago está há mais de 19 anos nesse mercado, onde chegou a atuar como designer e consultor de Engenharia de Produtos. Atualmente, o executivo é fundador e CEO Global da LUZA Group, empresa que fornece soluções de serviços ágeis e de alto desempenho, conectando talentos a desafios de engenharia e tecnologia de seus clientes.
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