Movimento reivindica facilidade no acesso a crédito, incentivos para produção de alimentos saudáveis e regularização da situação de 100 mil acampados em todo o país
O MST é um dos parceiros do Governo Federal na produção de alimentos saudáveis. Foto: André Oliveira/ MDS
Facilitação do acesso ao crédito, regularização da situação de cerca de 100 mil acampados em todo o país, estruturação de cadeias produtivas, educação na reforma agrária e incentivos para a produção de alimentos agroecológicos e saudáveis para a população brasileira. Cerca de 35 integrantes da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) se reuniram neste sábado, 17 de agosto, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros na Granja do Torto, em Brasília.
Esse momento de diálogo é importante para promover uma aceleração nos programas públicos para o campo. Queremos alimentos saudáveis na mesa do povo brasileiro”
Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar
A intenção era expor a pauta de reivindicações e ouvir dos representantes do Governo Federal os programas e ações que se conectam com os interesses dos integrantes dos movimentos sociais. “Esse momento de diálogo é importante para promover uma aceleração nos programas públicos para o campo. Queremos alimentos saudáveis na mesa do povo brasileiro. O presidente já conseguiu tirar 24 milhões de pessoas do Mapa da Fome. Ainda temos cerca de 9 milhões, mas metade da sociedade ainda não se alimenta adequadamente porque falta produto bom, de qualidade, saudável, na mesa”, afirmou o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, lembrando que o MST é parceiro importante na produção de alimentos para o país.
Segundo o ministro, o presidente Lula determinou ao Banco do Brasil e ao Ministério da Fazenda estudos para avaliar a criação de um Desenrola voltado para as questões do campo, além de recursos e créditos voltados para habitação e compra de terras.
De acordo com João Paulo Rodrigues, integrante da direção nacional do MST, o movimento saiu satisfeito por ter uma reunião longa e ouvir do presidente o compromisso de uma segunda reunião de trabalho em 30 a 40 dias para que o governo apresente resposta às pautas apresentadas. Ceres Hadich, da coordenação nacional do MST, reforçou que foi um evento para reafirmar o compromisso com a democracia e com o conceito de que o direito à terra precisa estar entre as prioridades das políticas públicas.
“Foi um evento importante para reafirmar o compromisso, primeiro com a democracia, entendendo que a construção e realização da reforma agrária é parte fundamental desse processo, e reapresentar ao governo a nossa pauta histórica, que tem como pilar o tema do acesso à terra, à regularização das famílias hoje acampadas, que são mais de 100 mil, e também o que diz respeito ao desenvolvimento humano integral”, disse Ceres Hadich.
Para o ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência, a conversa é parte do compromisso do Governo Federal de ouvir todas as camadas do movimento social e foi lastreado na tríade da autonomia, na defesa do governo popular e democrático e nas entregas da gestão do presidente Lula, em especial com as políticas retomadas.
RIO GRANDE DO SUL – Parte da conversa tratou ainda da condição específica do MST no Rio Grande do Sul. Ceres Hadich afirmou que o movimento entende a catástrofe como parte de uma crise ambiental mundial. “Pensar a saída é pensar a saída para a crise climática que a gente está enfrentando. Apresentamos uma pauta recortada olhando para o caso específico dos assentamentos. Houve muitos afetados pelas enchentes: estruturas de cooperativas, de agroindústrias, linhas e cadeias produtivas organizadas, como hortifrutigrangeiros e arroz. Houve o comprometimento do governo em acelerar isso e caminhar de mãos dadas”, disse.